Do ponto de vista da empregabilidade, as testagens comportamentais são um importante recurso para se conhecer e traçar caminhos mais seguros para o desenvolvimento.
Quais são os testes mais adequados?
O primeiro ponto a ser considerado é que não existe teste mais ou menos adequado, já que a testagem é apenas o pontapé para a tomada de consciência e o desenvolvimento. Quando um teste emite um relatório com dados que não são esperados ou desejáveis, não deve ser encarado como melhor ou pior. Ele apenas é. Seu resultado, independentemente de qual seja, precisa ser analisado e considerado na construção de mecanismos que possam contribuir para o indivíduo.
Sempre que realizar um teste, tenha tranquilidade e busque ser o mais fidedigno que conseguir. Se por qualquer motivo não se adequar ao desejado, considere como principal ponto ter feito o melhor.
Lembre-se ainda que a testagem representa apenas uma amostra, já que somos seres complexos com individualidades, particularidades e coletividades que transcendem as formas de observação e dados. Isso porque colecionamos fatores desde a nossa individualidade até a questão cultural: formas de criação e tudo que está a nossa volta.
Imagine situações aplicáveis aos modelos de vida na perspectiva de um jovem que vive na cultura indígena e na de outro que vive em uma metrópole. A relação não será resumida em pior ou melhor. Estará mais focada nas diferenças. Podem até apresentar o mesmo comportamento, mas a aplicabilidade dele estará em cenários diferentes.
Ao observar a produtividade de um jovem que trabalha em uma tribo indígena e a de outro que trabalha em uma metrópole, podemos ter a mesma pontuação, mas a forma como cada um vê a produtividade (e sua aplicabilidade) será diferente. Enquanto o primeiro, por exemplo, entende que ela é importante tanto para a sua sobrevivência quanto subsistência, o segundo pode achar que é essencial para a sua sobrevivência no emprego.
Quanto mais claros e objetivos forem os comportamentos e as ações necessárias ao desenvolvimento, em maior nível a testagem pode auxiliar. Ela irá transpor o senso comum de como percebo (ou tenho) determinadas atitudes e me colocar em um eixo de clareza do que pode ser feito.
Alguns tipos de testes utilizados no meio organizacional:
• Personalidade;
• Avaliação da atenção;
• Raciocínio lógico;
• Traços ou Tipos Psicológicos;
• Inventários de comportamento;
• Quociente de inteligência emocional.
Cargo/funções e testagem
Cada bateria de testes corresponde a um objetivo que irá desde uma análise neuropsicológica, psicoterápica até um processo seletivo ou desenvolvimento de carreira.
Então, caso o seu objetivo seja o desenvolvimento de carreira para se manter com empregabilidade, reflita sobre alguns exemplos:
1. Eu quero ter uma remuneração melhor. Quais habilidades e/ou comportamentos preciso desenvolver para atingir esse objetivo?
2. As atividades que faço hoje me desgastam muito. Será que isso pode estar relacionado com algum comportamento?
3. Percebo que tenho dificuldades de compreensão. Será que posso ter uma capacidade cognitiva prejudicada?
4. A minha liderança é muito positiva. Recebo vários feedbacks que confirmam isso. Será que posso melhorar?
5. Quero melhorar a minha comunicação. Será que tenho habilidades para isso ou, para mim, será sempre difícil?
6. Minha tomada de decisão parece sempre ser muito fria e agressiva. De que maneira consigo preservar meu estilo sem transmitir essa imagem?
7. Recebi um feedback apontando que necessito melhorar minha autoestima e que isso poderá me auxiliar a ser mais segura e atingir meus objetivos. Como posso conseguir isso?
8. Gosto de estar com as pessoas e ter amigos, mas tenho muita dificuldade de trabalhar em equipe. O que pode estar acontecendo?
9. Quero me manter sempre ativo e em crescimento. Quais comportamentos preciso fortalecer?
10. Tenho pontos de melhoria que preciso considerar se meu objetivo for outra profissão. É possível mudar de profissão sem experiência?
Carreira e testagem
Existem funções que, em sua composição de atividades, podem exigir determinados comportamentos. Por exemplo, a função de operador de caixa exigirá muita atenção para realizar atividades, como passar os itens, conferir os preços, realizar recebimentos, repassar o troco.
Dentre as atividades que compõem a função de visorista, por exemplo, está a de realizar, por meio da visão, a conferência de embalagens ou produtos dentro de embalagens. Sendo assim, a necessidade de atenção é fundamental, ou seja, uma condição para que o profissional realize o trabalho.
Nesse sentido, a análise de perfil pode apresentar informações que demonstram as principais habilidades e competências de um indivíduo para a realização de uma atividade em determinada situação ou contexto. Ou seja, é possível estabelecer uma relação direta entre análise de perfil e função.
Ao longo da nossa carreira, assumimos inúmeras funções novas, desafios constantes e frequentemente estamos em mudança. Por isso, vale reiterar que não existe melhor ou pior resultado do teste, e sim uma série de fatores que, naquele momento, melhor se adequa.
Para uma questão de organização e lógica, a análise de perfil versus cargo pode contribuir para evidenciar o que o profissional traz consigo, se tem aderência ou não à função e quais comportamentos ou habilidades precisará desenvolver para estar mais apto.
Uma bateria de testes seguida de um processo de acompanhamento poderá contribuir para que o desenvolvimento do profissional vá ao encontro do objetivo, podendo, inclusive, superá-lo, vez que a capacidade humana é ilimitada e muito motivada por aprendizado e crescimento.
Assim, caso tenha clareza de suas forças e oportunidades – seja por meio de testagem ou de um feedback com informações sólidas – para o desempenho de determinada função, mas não sabe como desenvolvê-las, aqui estão algumas perguntas importantes:
• Se pudesse eleger um comportamento prioritário para desenvolver, qual seria?
• Quais ações evidenciam o seu progresso nesse aprendizado?
• Quem pode te ajudar nessa jornada, tornando-a constantemente construtiva?
A testagem não define quem você é ou onde pode chegar. Trata-se de um instrumento valioso, objetivo e pragmático que pode contribuir de forma segura nesse percurso, cabendo ser analisado por profissionais qualificados.